Segurança híbrida, privatização e exclusão reativa dos espaços públicos no carnaval

Palabras clave: Carnaval, segurança híbrida, táticas coercitivas, privatização dos espaços públicos, exclusão social

Resumen

O trabalho discute as formas e as consequências da atuação das firmas de segurança híbrida, no policiamento do Carnaval e dos desfiles dos grupos organizados ou blocos carnavalescos pelos espaços públicos. Analisa dados provenientes de entrevistas, observação direta e participantes. Argumenta que estas firmas acionam táticas duras ou coercitivas para garantirem o bem estar dos foliões (fiesteros) associados, bloquearem o acesso aos perímetros internos dos blocos, dificultarem a permanência e até obstruírem a circulação dos foliões não associados (ou pipocas) nos espaços públicos. Afirma que esta governança, mediante a regulação e controle de espaços e fluxos de pessoas, está fundada em poderes de exclusão, rejeição e remoção de indivíduos e grupos que diluem os limites divisórios entre os modos públicos e privados de regulação destes espaços. Defende a ampliação e o aprofundamento de medidas, visando a descentralização espacial, a redução da densidade e a melhoria da gestão da multidão, a fim de aumentar a segurança para os amplos segmentos de foliões do Carnaval de Salvador.

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Biografía del autor/a

Pedro Oliveira

Instituto Federal de Educação. Camaçari, Bahía, Brasil. E-mail: poj.ufba@gmail.com. ORCID: 0000-0003-1186-2418

Eduardo Paes-Machado

Universidade Federal da Bahía. Salvador, Brasil. E-mail: epaesm@gmail.com. ORCID: 0000-0001-6092-0464

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Publicado
2021-12-09
Cómo citar
Oliveira, P., & Paes-Machado, E. (2021). Segurança híbrida, privatização e exclusão reativa dos espaços públicos no carnaval. Espacio Abierto, 30(4), 81-105. Recuperado a partir de https://produccioncientificaluz.org/index.php/espacio/article/view/37329
Sección
En foco: El control social: entre lo formal y lo informal