Brasil como epicentro da crise da Covid-19 na América Latina e as prováveis consequências em estratificações socioeconômicas mais vulneráveis: uma perspectiva de compreensão do papel do Estado e da social democracia centrada em John Maynard Keynes
Resumen
Em 2020, a estrutura do capitalismo e do liberalismo apregoada por vários países, entre eles o Brasil, foi duramente abalada por uma grave crise de saúde- sanitária. O inimigo desta vez é invisível: a Covid-19, uma doença infecciosa causada pelo novo Coronavírus, que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), tornou-se uma pandemia. No Brasil, o índice de mortalidade, por conta da Covid-19, colocou o país como o epicentro da crise na América Latina. A economia começa a emanar sinais típicos de uma recessão com projeções de queda do PIB de até 6,25%. Em termos de estratificação socioeconômica, a pandemia tem acentuado a desigualdade social, revelando velhas anomalias em torno da má distribuição de renda, gerando maior aprofundamento da pobreza, aumento expressivo do desemprego e, principalmente, o agravamento da discriminação racial, cultural, etária, étnica e de gênero. Tendo esses prolegômenos na conta, pode-se adentrar no objetivo fundamental do artigo: compreender o papel do Estado e da social democracia – inspirada na teoria de John Maynard Keynes – em tempos de novo Coronavírus e da gestão liberal, autoritária e negacionsta do Presidente, Jair Messias Bolsonaro. Para alcançar esse objetivo, o artigo fará uso de metodologia de pesquisa do tipo exploratória e qualitativa. A principal conclusão é que o Brasil precisa resgatar urgentemente o Estado de bem-estar social – defendido por Keynes – no âmbito de uma social democracia, sob pena de adentrar em um estado de conflagração e vivenciar uma grande depressão econômica no pós-coronavírus com uma série de consequências negativas em estratificações socioeconômicas mais vulneráveis.
Descargas
Citas
BEAUD, Michel. (1989). História do Capitalismo: de 1500 até nossos dias. 2ª Ed. São Paulo: Brasiliense.
BELLUZZO, Luiz Gonzaga de Mello. (2016). “O declínio de Bretton Woods e a emergência dos mercados globalizados”. Economia E Sociedade, 4(1), 11-20. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643205.
BIELSCHOWSKY, R. (1988). Pensamento Econômico Brasileiro: o Ciclo Ideológico do Desenvolvimentismo. Rio de Janeiro: IPA/INPES.
CARVALHO, David Ferreira. (2014). Macroeconomia Monetária e financeira da Produção Capitalista. V. I. Belém: ICSA/UFPA.
CARVALHO, André Cutrim; CARVALHO, David Ferreira. (2018). “O princípio da demanda efetiva de Keynes como contra-ataque definitivo à Lei de Say dos economistas (neo)clássicos.” Economia Ensaios, v. 32, 223-247.
CARVALHO, André Cutrim; RODRIGUES, HYPERLINK “http://lattes.cnpq.br/3026781695465716”Phelipe HYPERLINK “http://lattes.cnpq.br/3026781695465716” da Silva; CARVALHO, David Ferreira. (2019). “Risco, incerteza e expectativa na dinâmica dos eventos de uma economia capitalista na perspectiva de Keynes e Knight.” Revista de Economia Política e História Econômica, v. 41, 05-25.
CARVALHO, André Cutrim; CARVALHO, David Ferreira; RODRIGUES, Phelipe da Silva. (2019). Desigualdade de renda, desemprego e pobreza nas regiões metropolitanas do Brasil: uma perspectiva heterodoxa. In: Anais do Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira. Campinas(SP), IE-UNICAMP, 2019.
CARVALHO, André Cutrim; CARVALHO, David Ferreira. (2020) “Consequências do novo Coronavírus na economia do Brasil: perspectiva de compreensão econômica e estatística do problema.” PAPERS DO NAEA (UFPA), v. 29, 102-119.
CARVALHO, Laura. Curto-circuito: O vírus e a volta do Estado. São Paulo: Todavia, 1. ed., 2020.
CORAZZA, Gentil. (1983). Estado e Teoria Econômica: O caso de Keynes. Análise Econômica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, v. 2, n. 1, p.47-64, nov.. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/AnaliseEconomica/article/view/10144. Acesso em: 23/09/2020.
DROUIN, Jean-Claude. (2009). Os Grandes Economistas: uma introdução à economia. São Paulo: Martins Fontes.
DAVIDSON, Paul. (2011). Post Keynesian Macroeconomic Theory. 2nd ed. Cheltenham: Edward Elgar.
FONSECA, Pedro Cezar Dutra. (2010). “Keynes: o liberalismo econômico como mito”. Economia e sociedade. Campinas, v.19, n.3, 425-447.
GARCIA, Diego. (2020). Auxilio Emergencial infla retomada nos estados do Norte e Nordeste. Folha de São Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/10/auxilio-emergencial-infla-retomada-nos-estados-do-norte-e-do-nordeste.shtml. Acesso em 18/10/2020.
GIAMBIAGI, Fábio; et al. (2011) Economia brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Elsevier.
GIL, Antônio Carlos. (2002). Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo-SP: 4ª Ed. Atlas.
HOFFMANN, Rodolfo. (2000). Mensuração da desigualdade e da pobreza. In: Henriques, R. (Org.). Desigualdade e pobreza no Brasil. Rio de Janeiro, IPEA, 2000.
HORDGE-FREEMAN; Elizabeth; CHAGAS, Michel. (2020). COVID-19 e seu impacto nas comunidades negras nos Estados Unidos e no Brasil. Instituto Cultural Beneficente Steve Biko. Disponível em: https://www.stevebiko.org.br/single-post/2020/05/22/COVID-19-e-seu-impacto-nas-comunidades-negras-nos-Estados-Unidos-e-no-Brasil. Acesso em 21/06/2020.
HUME, David. (2000). Tratado da Natureza Humana, São Paulo, Editora Unesp.
KERSTENETZKY, Célia Lessa. (2012). O Estado do Bem-Estar Social na Idade da Razão: A Reinvenção do Estado Social no Mundo Contemporâneo. Rio de Janeiro, Campus/ Elsevier.
KEYNES, John Maynard. (1925). Am I a Liberal? in: KEYNES, John Maynard. The Collected Writings of J. M. Keynes, Vol IX; Cambridge University Press, 1925a.
KEYNES, John Maynard. (1926). “Liberalism and Labour”, reprinted in Essays in Persuasion, New York: W. W. Norton, 1963.
KEYNES, John Maynard. (1983). “O fim do “laissez-faire”. In: SZMRECSÁNYI, Tamás (org.) Keynes (Economia). São Paulo-SP: Ática, pp. 106-126. (Originalmente publicado em 1926).
KEYNES, John Maynard. (1938, 1978). “Essays in Biography”. In: E. Johnson e D. Moggridge (orgs.). The collected writings of John Maynard Keynes. v. X. Cambridge, UK: Cambridge University Press for the Royal Economic Society.
KEYNES, John Maynard. (1978). “A teoria geral do emprego.” In: Keynes: Economia. Tomás Sczmrecsányi. São Paulo, Ática.
KEYNES, John Maynard. (1996). A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São Paulo: Nova Cultural, (Coleção Os Economistas). Disponível em: http://www.ie.ufrj.br/intranet/ie/userintranet/hpp/arquivos/090320170036_Keynes_TeoriaGeraldoempregodojuroedamoeda.pdf Acesso em: 23/09/2020.
KEYNES, John Maynard Keynes. (1936, 1973). “The Collected Writings of John Maynard Keynes.” Volume VII: The General Theory of Employment, Interest and Money. Edited by D. Moggridge. London: Macmillan, 1973. [Originally published in 1936.]
LOCKE, John. (1998). Dois tratados sobre o governo. (Tradução de Júlio Fischer; introdução de Peter Laslett). São Paulo: Martins Fontes.
MAZZEI, Henrique Pedroso. (2008). Repercussões das Decisões Judiciais na Economia: Responsabilidade Judicial em face da Colisão de Princípios Constitucionais Econômicos. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade de Marília, Marília.
MINSKY, Hyman Philipe. (1975). John Maynard Keynes. New York: Columbia Univ. Press.
NERI, Marcelo. (2005). Desigualdade e desenvolvimento. In: Brasil em Desenvolvimento: Instituições, políticas e sociedade, Vol. 2. Ana Célia Castro, Antônio Licha, Helder Queiroz Pinto Jr. e João Saboia. (Orgs.). Rio de Janeiro, Civilização Brasileira.
PERSSON, Luiz Felipe. (2010). A social democracia e o Welfare State. A construção de um modelo social democrata no Brasil. Conversas e controvérsias, Porto Alegre, v. 1, n. 1, p. 90-104. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/conversasecontroversias/article/view/6872. Acesso em: 20/09/2020.
PIERSON, Christopher. (2006). Beyond the Welfare State?: The New Political Economy of Welfare (3rd edn.). Cambridge: Polity Press.
PRZEWORSKI, Adam. (1988). “A social-democracia como fenômeno histórico.” Lua Nova, São Paulo, n. 15, p. 41-81.
ROCHA, Rogério Lannes. (2020). Ficar em casa?. Revista RADIS (editorial). Edição Nº 212, Maio, Rio de Janeiro: FIOCRUZ. Disponível em: https://radis.ensp.fiocruz.br/phocadownload/revista/Radis212_web.pdf. Acesso em: 20/09/2020.
ROSSI, Pedro; DWECK, Esther. (2016). Impactos do Novo Regime Fiscal na saúde e educação. Cadernos de Saúde Pública, v. 32, n. 12, p. 1-5.
STEVANIM, Luiz Felipe (2020). Vulnerabilidades que aproximam. Revista RADIS (editorial). Edição Nº 212, Maio, Rio de Janeiro: FIOCRUZ. Disponível em: https://radis.ensp.fiocruz.br/phocadownload/revista/Radis212_web.pdf. Acesso em: 20/09/2020.
SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera Muszkat. (2005). Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação, UFSC, 4 ed. Ver. Atual. Florianópolis.
SILVA, Renata Bastos da. (2019). Lord Keynes pelo Amauta Mariátegui: A crítica da Economia de Keynes na Política de Mariátegui. Jundiaí (SP): PACO Editorial.
SMITH, Adam. (1983). A riqueza das nações - investigação sobre sua natureza e suas causas. São Paulo: Abril Cultural.
THÉRY, Hervé. (2020) “Covid-19 au Brésil: aggravants, scénarios et risques.” Institut des Amériques. Disponível em: https://covidam.institutdesameriques.fr/covid-19-au-bresil-aggravants-scenarios-et -risques/ . Acesso em 21/09/2020.
Otras fuentes:
ARTICULAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL – APIB. (2020). Atualização de casos indígenas. Disponível em: http://emergenciaindigena.apib.info/casos-indigenas. Acesso em: 21/06/2020.
BBC Brasil. (2020). Em gráfico, os 10 países do mundo com mais mortes per capita por covid- 19. BBC Brasil, São Paulo-SP, 02/10/2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-54390838. Acesso em: 15/10/2020.
BRASIL, Secretarias Estaduais de Saúde. (2020). Painel Coronavírus. Brasília-DF. Disponível em: https://covid.saude.gov.br/ Acesso em: 20/09/2020.
BRASIL, Boletins Epidemiológicos do Ministério da Saúde. (2020). Boletins Epidemiológicos. Brasília-DF. Disponível em: https://coronavirus.saude.gov.br/boletins-epidemiologicos Acesso em: 20/06/2020.
CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE (CNS). (2020). NOTA PÚBLICA: CNS considera irresponsável mudanças na pasta da Saúde em meio à pandemia do Covid-19. CNS. Disponível em:
EUROPEAN CENTRE FOR DISEASE PREVENTION AND CONTROL-ECDC. (2020). Coronavirus disease. Stockholm City: ECDC.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. (2011). Censo Demográfico – 2010: Características da população e dos domicílios. Resultados do universo. Rio de Janeiro: IBGE. Acesso em 16/10/2020. Disponível em: https://censo2010.ibge.gov.br/resultados. html
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. (2020). PNAD-COVID-19. Rio de Janeiro: IBGE. Acesso em 18/10/2020. Disponível em: https://covid19.ibge.gov.br/pnad-covid/trabalho.php
OPERA MUNDI. (2020). Siga, em gráficos, evolução de casos e mortes por Coronavírus no Brasil e veja se seu país está achatando a curva. Opera Mundi. Disponível em: https://operamundi.uol.com.br/coronavirus/63984/siga-em-graficos-evolucao-de-casos-e-mortes-porcoronavirus-no-brasil-e-veja-se-pais-esta-achatando-curva . Acesso em 21/06/2020.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE-OMS. (2020). Informações e dados sobre o novo Coronavírus. Genebra: OMS.
PANORAMA FISCAL DE AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE 2015, DILEMAS Y ESPACIOS DE POLÍTICAS. (2015). Documento consultado na internet em 18/10/2020. Disponível em: https://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/37747/1/S1500053_es.pdf
PLATAFORMA DE MONITORAMENTO DA SITUAÇÃO INDÍGENA NA PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS (COVID-19) NO BRASIL. (2020). COVID-19 e os Povos Indígenas. Disponível em: https://covid19.socioambiental.org/ Acesso em 21/10/2020.
Los autores/as que publiquen en esta revista aceptan las siguientes condiciones:
- Los autores/as conservan los derechos de autor y ceden a la revista el derecho de la primera publicación, con el trabajo registrado con la licencia de atribución de CreativeCommons, que permite a terceros utilizar lo publicado siempre que mencionen la autoría del trabajo y a la primera publicación en esta revista.
- Los autores/as pueden realizar otros acuerdos contractuales independientes y adicionales para la distribución no exclusiva de la versión del artículo publicado en esta revista (p. ej., incluirlo en un repositorio institucional o publicarlo en un libro) siempre que indiquen claramente que el trabajo se publicó por primera vez en esta revista.
- Se permite y recomienda a los autores/as a publicar su trabajo en Internet (por ejemplo en páginas institucionales o personales) antes y durante el proceso de revisión y publicación, ya que puede conducir a intercambios productivos y a una mayor y más rápida difusión del trabajo publicado (vea TheEffect of Open Access).