Presentación
Entre a Educação e as narrativas multiculturais e transnacionais
Alda Regina Tognini Romaguera1
Rodrigo Barchi2
Organized we will stay ‘Cause living is not a benefit Your pretention of control Has found and imminent end Must respect existence
Or expect resistance (ao som da banda brasileira de Thrash Metal Violator)
“Maestros, músicos, cantores Gente de todas as cores Façam esse favor pra mim Quem souber cantar que cante Quem souber tocar que toque Flauta, trombone ou clarim Quem puder gritar que grite Quem tiver apito, apite
Faça esse mundo acordar” (ao som de “Um favor”,
de Lupicínio Rodrigues, na voz de Gal Costa)
Esse dossiê é fruto de uma enorme quantidade de encontros. Múltiplos, transversais, menores, ecosóficos. Na verdade, é resultado de um esforço que nós dois realizamos para tentar expor e ressoar pelo maior tempo possível, todas – ou a maior parte – as boas contribuições que foram dadas por nossos colegas durante o I Congresso Internacional de Educação: (In)quietudes e fronteiras em conhecimentos e práticas educacionais, que ocorreu no mês de outubro de 2016, no Campus Cidade Universitária “Aldo Vanucchi”, da Universidade de Sorocaba, em Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil. Congresso que ocorreu graças a uma ampla rede de solidariedade, de camaradagem e de empenho de muitas pessoas e instituições a quem de imediato gostaríamos de agradecer profundamente. E novamente...
O Congresso ocorreu num dos momentos mais delicados da sociedade brasileira pós-ditadura civil- militar. Momento que, ao invés de ter dado trégua, se intensifica e amplia ainda mais a crise política, econômica, social, cultural e ambiental na qual o país está mergulhado há alguns anos. O Congresso foi uma ocasião para enfatizarmos, mais uma vez, nosso compromisso com a educação naquilo que ela tem de mais evidente: a sua capacidade de transformar o mundo, de combater as injustiças, de construir e de consolidar sociedades democráticas e de direitos.
Tivemos conosco, naqueles três dias, a possibilidade de conviver e trocar experiências, sensibilidades e alternativas com colegas vindos de vários países e da várias regiões de Brasil, que trouxeram consigo as experiências e os desafios do tempo presente.
Doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, é professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Sorocaba, Sorocaba, SP, Brasil. E-mail: alda.romaguera@prof. uniso.br
Nosso congresso pretendeu ser uma possibilidade da pedagogia dos (des)encontros, da pedagogia das re(exis)tências, dos subterrâneos e de tantas outras pedagogias ainda não denominadas que emergem entre os iguais na diferença e entre os diferentes na igualdade. Pretendeu ser um espaço onde se pudesse respirar, conversar e compartilhar sensibilidades e responsabilidades através da expressão de nossas práticas sociais e pedagógicas cotidianas nos mais diversos, como sugere a estimada professora Nilda Alves, espaçostempos com as mais diversas linguagens que a práxis pedagógica contemporânea nos permite atravessar e experimentar.
O Congresso ocorreu no momento em que, através de medida provisória, e sem o devido debate com a sociedade brasileira o atual governo vem modificando a estrutura, o currículo e as bases conceituais, políticas e pedagógicas do ensino médio, eliminando a educação física e as artes, e separando ainda mais as áreas, as quais, ao se fixar cada vez mais nos rincões e guetos da ciência, impedem a ampla troca dialógica entre os saberes e as diferenças que constantemente constroem o conhecimento humano. Nós tentamos explicitar nossa posição, através de nossos trabalhos, que enfatizam exatamente o contrário. Nossos posicionamentos pedagógicos e políticos passam pelas opções temáticas e pelas múltiplas vozes/corpos/linguagens/idiomas/sotaques que foram visibilizadas durante o evento.
Apostamos nos devires que os e as estudantes das escolas públicas de todo o Brasil têm nos evidenciado nesses últimos anos. Apostamos no compromisso político de cada professor e professora com a justiça, com a autonomia e com a liberdade. Apostamos nos coletivos que se (auto)organizam, resistem e se indignam frente as tentativas de aniquilação da vida e ao predomínio da “vida besta”3. Apostamos nos artistas e esportistas e contamos com a colaboração e cumplicidade de ginastas, cineastas, músicos, atores, fotógrafos e poetas... Apostamos nos movimentos sociais e comunitários. Apostamos na infância. Continuamos com o compromisso de ressignificar e contemporanizar a educação em constante mergulho no legado de Paulo Freire.
Aliás, como potencializadores e intérpretes brasileiros do legado de Paulo Freire, temos a obrigação de comunicar aos colegas latino-americanos o vilipêndio e a difamação que se amplia no Brasil contra a memória e a obra do pensador, por grupos políticos vinculados aos setores hegemônicos da sociedade brasileira, que veem na sua energia e dialogicidade uma ameaça aos seus interesses de dominação e exploração da população excluída e marginalizada. Entre os ataques à democracia è a educação dialógica, se encontra um projeto inconsequente e aterrador, chamado “Escola Sem Partido”, que visa perseguir professores e professoras vinculados afetiva e politicamente ao pensamento de Paulo Freire.
Nesse sentido, é pertinente lembrar o que ele escreveu e que se encontra no livro Pedagogia da Indignação: Cartas pedagógicas e outros escritos: “Por mais que se apregoe hoje que a educação nada tem que ver com o sonho, mas com o treinamento técnico dos educandos, continua de pé a necessidade de insistirmos nos sonhos e na utopia. Mulheres e homens, nos tornamos mais do que puros aparatos a serem treinados ou adestrados. Nos tornamos seres da opção, da decisão, da intervenção no mundo. Seres da responsabilidade”4.
Por isso, são tão pertinentes as epígrafes dessa apresentação, com a banda brasileira de Thrash Metal, Violator, que sempre enaltece a força rebelde e combativa dos movimentos underground, ao gritar “Respect the existence, or expected resistance” (Respeite a existência, ou espere resistência); e com um trecho da música “Um favor” do compositor brasileiro Lupicínio Rodrigues, na voz de Gal Costa, intérprete de música popular brasileira, pedimos às “gentes de todas as cores... façam este mundo acordar”!
PELBART, PP (2009). Vida nua, vida besta, uma vida. Euphorio, Medellin, vol. 1, pp. 34-42.
FREIRE, P (2000). Pedagogia da Indignação: Cartas pedagógicas e outros escritos, 1ª. Ed. São Paulo Ed. UNESP, p.128.
Esse dossiê, portanto, é uma continuidade de nossa luta para manter viva a vibração do pensamento freireano, que nos exige um exercício ao mesmo tempo voraz e alegre de combate aos anseios fascistas de apagamento das diferenças. Não somente porque gostamos do seu constante entusiasmo e suas propostas transformativas, sempre pensando em um mundo menos barbárico, predatório e injusto. Mas também para retomarmos a seriedade sobre o seu pensamento, que foi brutalmente banalizado pelas políticas públicas em educação no Brasil durante os governos do Partido dos Trabalhadores, e cuja imagem era mais utilizada para dar um caráter simpático às propostas educacionais governamentais do que realmente democratizar a educação.
Não elaboramos somente esse dossiê. Outro dossiê com contribuições de colegas que participaram do Congresso está sendo publicado, simultaneamente a este, pela revista Quaestio, da Universidade de Sorocaba, o qual nós intencionamos que seja lido como uma segunda parte desse dossiê. E vice- versa. Quem acessar o dossiê da Uniso antes de acessar esse, terá, no texto de apresentação também, um link para esse dossiê. As(os) colegas que puderam participar dessas edições trazem discussões extremamente profundas e pertinentes ao universo da educação.
Mas antes de apresentar esse dossiê, e cientes de nossa responsabilidade, gostaríamos de agradecer novamente a confiança de nossos convidados, de todos e todas que colaboraram conosco. Nosso Congresso seguiu o movimento de “congresso de baixo orçamento” que as colegas Luciana Kind e Rosineide Cordeiro inauguraram na PUC-MG, no Simpósio Narrativas, Gênero e Politica realizado em setembro de 2016 em Belo Horizonte. Não solicitamos apoio financeiro de nenhuma agência brasileira de fomento, pois era bastante previsível a resposta que receberíamos. Resolvemos optar por contar com pessoas e instituições que conhecem e apoiam nosso trabalho e compromisso.
Nesse sentido precisamos enfatizar, mais uma vez, nosso profundo agradecimento às diversas e inestimáveis colaborações que recebemos de nossos amigos e amigas da Universidade Autonoma de Barcelona, Universidade Alice Salomon de Berlim, Universidade Autónoma Benito Juarez de Oaxaca, México, do Centro Internacional de Investigacion Interdisciplinar e de Ensenãnza Aplicada em Oaxaca, da Universidade Nacional da Colômbia, Universidade Sophia de Tóquio, da Universidade de Ciências Aplicadas de Saint Gallen (Suiça), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, da Universidade do Vale do Sapucaí, da Universidade Federal do Amapá, da Universidade Federal do Pará, da Universidade Federal de Minas Gerais, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, da Universidade Federal do Espirito Santo, da Universidade Federal de Santa Catarina e da Universidade Estadual de Campinas. Agradecemos ao apoio financeiro e material que recebemos através do DAAD (Agência de Desenvolvimento e Apoio Acadêmico da Alemanha), da Fundação Japão e da AEBJ (Associação das Escolas Brasileiras no Japão).
No ano em que o Programa de Pós-graduação em Educação da Uniso comemorou os seus 20 anos não poderíamos deixar de enfatizar e agradecer o apoio que temos recebido de nossos estudantes, colegas, funcionários e da reitoria e relembrar nossa história que desde o seu início contou com a participação de colegas da Unicamp, Usp, e PUCSP e agradecer o apoio dessas universidades paulistas através da presença entre nós de alguns dos seus mais renomados professores e professoras.
Sobre esse dossiê, nós o intitulamos de Entre a Educação e as narrativas multiculturais e transnacionais, pois os textos aqui apresentados, em sua ampla diversidade, convergem-se ao compreender a educação não como um monopólio das instituições escolares, mas como processo constitutivo do ser em seus (des)encontros culturais e seus deslocamentos físicos e conceituais. Educação entendida como formação humana, recheada de desvios, rupturas, resistências e ranhuras.
Em muitos dos artigos aqui apresentados, estão presentes narrativas que evidenciam as contribuições das conversas, dos encontros e das experiências nas viagens que os autores e autoras realizaram
em algum momento de suas trajetórias, em um diálogo amplo e aberto com a literatura e os estudos acadêmicos das áreas em que dedicam suas pesquisas. Outros artigos fazem uma reflexão profunda sobre a relação entre a educação e a cultura, tanto a partir das atividades pedagógicas desenvolvidas com alunos e projetos institucionais, quanto a partir das pesquisas teóricas desenvolvidas por nossos convidados e convidadas nas áreas de educação e cultura.
APortadilla que abre esse dossiê é sobre o professor Marcos Reigota, reconhecido internacionalmente por seu trabalho, militância e pesquisa nos campos da ecologia política, das perspectivas ecologistas em educação, do pensamento de Paulo Freire, e dos estudos relativos ao cotidiano escolar. Quem escreve é o professor do curso de Geografia da Universidade de Sorocaba, Rodrigo Barchi, que é também um dos organizadores desse dossiê, ao lado da professora Alda Romaguera, do Programa de Pós-Graduação em Educação também da Universidade de Sorocaba.
O primeiro texto dessa coletânea, intitulado “Devir-pássaro: Ecosofia em conexões” é, ao mesmo tempo, tanto um profundo estudo quanto uma narrativa de experimentações, escrito por Marta Catunda e Rodrigo Reis, a partir dos encontros entre as atividades e pesquisas realizadas pelo Grupo de Estudos Perspectivas Ecologistas em Educação, da Universidade de Sorocaba, e a Rede de Estudos Ecosofia – Ética para o século XXI. Os autores buscam na ecosofia de Felix Guattari o norteamento para uma série de estudos sobre arte, cultura e educação, guiando diversas atividades experimentais a partir do canto dos pássaros.
O estudo seguinte é do professor Marcos Meira, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, intitulado “Possíveis relações entre multiculturalismo e teorias curriculares da Educação Física” que realiza um intenso debate entre o multiculturalismo, em suas diversas concepções teóricas, e as teorias curriculares em educação física, dando ênfase à criticidade nos diálogos e encontros realizados entre as duas áreas.
Abrindo a seção de artigos, temos o trabalho “Processos de formação do capital cultural e resistência de professores-alunos na Amazônia Setentrional”, do professor Adalberto Carvalho Ribeiro, professor do Departamento de Educação da Universidade Federal do Amapá, no qual são apresentados alguns aspectos da formação cultural dos professores do interior do Estado do Amapá, associados à algumas formas de resistência. As narrativas autobiográficas e os memoriais foram utilizados como possibilidade de compreensão da construção desse capital cultural.
O artigo seguinte, “Africanidades e Educação”, é do professor Ademir Barros dos Santos, Coordenador da Câmara de Preservação Cultural do Núcleo de Cultura Afro-Brasileira (NUCAB), da Universidade de Sorocaba. Aqui é apresentada uma série de elementos simbólicos da matriz africana presentes na cultura brasileira, buscando desmistificar as distorções difamatórias que buscaram denegrir a cultura africana no Brasil, e desenvolvendo possíveis contribuições do real significado desses elementos à educação institucional e não institucional.
Em seguida, temos o texto “Narrativas das mulheres do Congo como práticas de re’existências ecologistas e cotidianos escolares”, da professora Andréia Teixeira Ramos, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), que, a partir de uma série de conversas e convívios junto às mulheres do Congo, potencializa suas vozes e falas como práticas de resistências éticas, estéticas, libertárias e ecológicas, permitindo compreender essas existências como constantes reinvenções de suas vivências.
O texto seguinte, chamado “Pedagogia Waldorf e Salutogênese: o ensino como fonte de saúde”, de Elaine Marasca Garcia da Costa, médica, professora e doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação pela Universidade de Sorocaba, que promove um intenso encontro entre a Pedagogia Waldorf e a
questão da promoção da saúde, tendo como enfoque principal as discussões ao redor do conceito da
Salutogênese.
Encerrando a sessão de artigos, apresentamos o texto “Miradas da viagem de um pesquisador conversador no cotidiano” do professor Dr. Eder Rodrigues Proença, diretor da Escola Municipal “Profª. Maria Domingas Tótora de Góes” e também doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação pela Universidade de Sorocaba, o qual, ao utilizar a metodologia de pesquisa das conversas no cotidiano, aborda uma série de trajetórias dos seus interlocutores, construindo narrativas de resistências e atuações políticas e sociais, conectadas ao universo da educação.
No primeiro texto da sessão notas e debates, trazemos uma contribuição da professora Marta Catunda, pós- doutoranda do Programa de Pós-Graduação da Universidade de Sorocaba, intitulada “A Arte como Política do impossível”, no qual se realizam uma série de encontros e percursos entre os campos da arte, da educação ambiental e do cotidiano escolar, tendo como pano de fundo as discussões a respeito do conceito de Antropoceno.
O outro texto da seção de Notas e Debates, “Necessidades do Corpo Criança na Escola: Possíveis Contribuições da Corporeidade, da Motricidade e da Complexidade”, do Professor Wagner Wey Moreira, docente das Áreas de Educação e Educação Física da Universidade Federal do Triangulo Mineiro (UFMT), realiza uma discussão a partir dos conceitos de corporeidade, motricidade e complexidade, sobre as atuais e bruscas mudanças nas Políticas Públicas da Educação Básica Brasileira, e o papel da Educação Física nesse contexto.
Trazemos ainda duas narrativas para fechar o dossiê, que apresentam e reforçam o caráter narrativo desse dossiê e das perspectivas com as quais estamos trabalhando há algum tempo, seja na Universidade de Sorocaba, seja nos encontros puderam promover esse dossiê. A primeira narrativa, “O processo de narrar-se como movimento de questionamento do tempo presente”, escrito na parceria entre o renomado professor docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Sorocaba, Marcos Reigota, a professora-coordenadora da Secretaria da Cultura de Salto de Pirapora e ganhadora do Prêmio Civita de Educação (2013) Carmem Machado, e o estudante de Psicologia e bolsista PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica UNISO-CPNq), André Yang, discutem os processos de narrativa de si próprio como exercício de questionamento do mundo.
A segunda narrativa é o texto que encerra este dossiê, chamado, “Narrativas literárias, Pietro Portalho”. Foi escrita por Dario Maldonado, Sociólogo de la Universidad de Montréal, Canadá e Magister en Gestión de Conflictos Interculturales por la Universidad Alice Salomon, Alemania. Essa narrativa pode ser lida como um complemento da portadilla que abre esse dossiê, pois Dario cria um conto a partir dos seus encontros com Marcos Reigota, trazendo diversas situações da trajetória profissional, acadêmica e cotidiana de ambos, e os saberes criados e intensificados nesses entrecruzamentos.
Queremos agradecer a ampla e dedicada paciência e amizade do diretor da revista Utopía y Praxis Latinoamericana, Álvaro B. MÁRQUEZ-FERNÁNDEZ, que em todos os momentos nos ofereceu a assistência, apoio e entusiasmo necessários para a publicação desse dossiê, que esperamos seja adequado, pertinente e ampliador das discussões e questionamentos sobre as questões políticas, sociais, filosóficas, culturais, ambientais e econômicas que esse conceituado periódico realiza há tantos anos. Queremos agradecer também ao Professor Marcos Reigota, por suas magníficas articulações para que esse dossiê fosse possível, além de ser o grande potencializador de todo esse processo.
Encerramos essa apresentação da mesma forma que encerramos a abertura do nosso Congresso, solicitando a todos e todas “maestros, músicos, cantores, gente de todas as cores que nos façam um favor: Quem souber cantar, que cante. Quem souber tocar que toque. Flauta, trombone e clarim. Quem puder gritar que grite. Quem tiver apito, apite. Faça esse mundo acordar...” (Lupicínio Rodrigues, o outro).
Esta revista fue editada en formato digital y publicada en octubre de 2017, por el Fondo Editorial Serbiluz, Universidad del Zulia. Maracaibo-Venezuela
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