Espacio Abierto Cuaderno Venezolano de Sociología Vol.26 No.1 (enero - marzo, 2017): 45-67


Mais um passo para compreender a secularização: Análise comparativa das teorias da secularização e da economia religiosa

Jorge Botelho Moniz*


Resumen

Mucho se ha escrito sobre la secularización, pero pocas son las investigaciones profundas sobre sus elementos y sobre las alternativas más sólidas y sistemáticas que los estudios seguirían. A nuestro modo de ver, esto se refleja en las dificultades de comprensión interpretativa y profundización teórico-analítica que son necesarias y posibles de superar. Para cumplir ese propósito, se escoge un diseño de investigación que integra las estrategias de descripción densa y el método comparativo y se divide el trabajo en dos partes esenciales. En primer lugar, se analizan los principales subtratos de la secularización, específicamente la diferenciación funcional, la racionalización, la socitalización, la seguridad existencial y la diversidad, igualitarismos e individualismo. En segundo lugar, se introduce aquella que, para el estado del arte, es la principal y más desafiante alternativa a las teorías de la secularización

–la economía religiosa-, examinándola a la luz de sus presupuestos fundamentales. El análisis de las dos teorías diametralmente opuestas, en lo que concierne al entendimiento del lugar de la religión en la contemporaneidad, permite explorar patrones de similitudes y diferencias entre si. Además, se consigue explicar cómo es posible que estos modelos teóricos, con objeto de estudio análogos, pueden haber conducido a inferencia de de resultados tan diferentes en cuanto a la invariabilidad o a la falta de vitalidad religiosa en las sociedades modernas. Al final del artículo para una mayor sistematización se presenta un cuadro de análisis como la comparación de los principales axiomas de las dos teorías.

Palabras clave: Teorías de secularización; aspectos internos de la secularización; teoría de la economía religiosa; análisis comparativo; Europa; Estados Unidos.

Recibido: 27-09-2016 / Aceptafo 08-12-2016

Nesta etapa derradeira do nosso trabalho, não pretendemos redisser nem reexaminar os argumentos das teorias em análise. A nossa intenção é outra. De modo a aumentar os ganhos epistemológicos, consideramos ser mais útil sistematizar as suas principais diferenças. Assim sendo, inspirando-nos nos modelos de análise de Warner (1993:1052), Voas (2008:26), Woodhead (2009:116) e Pickel e Sammet (2012:11) organizámos uma tabela de análise com a comparação esquemática entre as duas teorias.


Tabela 1: Comparação esquemática entre as teorias da secularização economia religiosa



Economia religiosa


Secularização

Ponto de partida sociológico

Agência

Estrutura

Religião como variável empírica

Independente

Dependente

Explicação mobilização religiosa

Mesossociológica

Macrossociológica

Localização social da religião

Esfera privada

Pública, mas privatizando-se

Modelo de poder

Escolhas individuais

Poder estruturado


Hipótese Principal

Qualidade da oferta no mercado

determina a vitalidade religiosa


Religião perde relevância social


Paradigma histórico

Segundo grande despertar (EUA, inícios séc. XIX)

Catolicismo medieval (Europa, sécs. V a XV)

Narrativa Principal

Renascimento e rotinização

Secularização linear

Processo principal

Mobilização

Diferenciação

Situação paradigmática

Competição

Monopólio

Relação modernização-religião e efeitos na religião

Compatível e, tendencialmente,

positiva

Problemática e, tendencialmente, negativa

Visão do pluralismo

Constitutivo

Degenerativo



A observação da tabela 1 ajuda-nos a compreender melhor a explanação das duas teorias. De um lado, as teorias da secularização dizem que existe um contraste fundamental entre religião e modernização que conduz a um declínio na relevância social da primeira. Ela perde a sua centralidade social no que respeita a interpretação do mundo. De outro lado, a teoria da economia religiosa assevera que existe uma constante procura social por bens religiosos, mas que a vitalidade da religião depende dos produtos oferecidos pelas firmas religiosas no mercado. Ou seja, a oferta no mercado religioso determina a força da religião. Nas teorias da secularização a relevância social e pessoal da religião irá sempre variar ao longo do tempo e do espaço. No modelo do mercado religioso a necessidade de religião é constante e imutável. Assim sendo, na primeira, as mutações que ocorrem ao nível societal, sucedem ao nível individual; i.e., a modernização enfraquece a religião. Os bens e os serviços seculares competem com os religiosos. As pessoas deixam de recorrer à religião, porque os benefícios esperados são demasiadamente baixos e os custos de oportunidade no seu envolvimento são elevados. A redução na procura por bens e serviços religiosos são, habitualmente, permanentes. Dificilmente as sociedades hodiernas se reconvertem a uma religiosidade ativa. Por seu turno, a teoria da economia religiosa concorda que a modernização reduz a relevância institucional da religião, mas não a procura individual por produtos religiosos. Segundo este modelo teórico, se o consumo religioso é fraco, isto deve-se à baixa qualidade da força de vendas religiosa ou a falhas do mercado (sobrerregulação ou competição insuficiente). Por este motivo, as desacelerações religiosas são apenas parte de um ciclo de declínio e renascimento dirigido, largamente, pela oferta da economia religiosa.

Não obstante reconheçamos que ainda existe muito por fazer, relativamente ao estudo de um conceito essencialmente contestado como o de secularização, consideramos que a aplicação do método comparativo e a sistematização descritiva e analítica beneficiam os cientistas sociais que se debruçam sobre assuntos religiosos. O confronto sistemático das teorias da secularização e do mercado religioso não só ajuda a explorar padrões de similaridade e diferença, mas, sobretudo, a explicar, tão ostensivamente quanto possível, como é possível que dois modelos teóricos, com objetos de estudo análogos, possam ter conduzido à inferência de resultados tão diferentes quanto à (in)variação ou à (falta de) vitalidade religiosa nas sociedades hodiernas.


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Vol 26, N°1


Esta revista fue editada en formato digital y publicada en marzo de 2017, por el Fondo Editorial Serbiluz, Universidad del Zulia. Maracaibo-Venezuela


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